domingo, janeiro 31, 2010

A Kara Ré Pública


Eu sei que este pré-defunto blog não é propriamente republicano. Hoje, 31 de Janeiro de 2010, quando se iniciam as comemorações do centenário dessa excelsa figura política, chamada República, filha legítima da espúria revolução francesa, não posso, porém, na minha condição de "cidadão" de me vir manifestar acerca do "gáudio" que sinto na minha alma.


O dia 31 de Janeiro de 1891 foi na cidade do Porto, único local no país onde nessa data houve manifestações revolucionárias, o início do fim desse país a quem chamavam de "Portugal" . Os intentos revolucionários foram conseguidos vinte anos mais tarde com a conseguida declaração republicana no largo da Câmara de Lisboa, precedidos pelo cobarde assassinato do Rei D. Carlos e do Principe D. Luis Filipe, em 1 de Fevereiro de 1908.


A partir do dia 5 de Outubro de 1910, prevaleceu a dita "ética republicana" que nos querem impingir "a tour de force" como se se tivesse tratado de uma época áurea da existência de Portugal, consignaga por dirigentes de alta craveira política e moral, de isenção exemplar e de altruísmo acima de qualquer suspeita.


Querem branquear as perseguições políticas e religiosas que então ocorreram até 1926, apagando dos registos históricos, como fizeram os soviéticos do comunismo russo, factos e figuras que ocorreram e existiram neses tempos.


Os anos seguidos de insegurança pública e de lutas fraticídas que ocorreram durante esses tempos, bem explicitados, por exemplo, pela noite sangrenta de 19 de Outubro de 1920, durante a qual foram assassinados pela Carbonária vários prócere s republicanos (António Granjo, ex-Primeiro Ministro do regime republicano, Machado Santos e José Carlos Maia).


A chamada "superioridade ética republicana" reclamada, por exemplo em Coimbra pelo cacique local do replublicanismo encartado, esquece também a desastrosa participação portuguesa na Grande Guerra 1914-18, forçada que foi a participação de Portugal nesse infausto evento que conduziu à morte de milhares de portugueses que nada tinham a ver com as querelas que a Alemanha, a França e a Inglaterra teriam que dirimir entre si, sem a nossa imposta beligerância.


Alguns dos líderes republicanos actuais que pretendem comemorar os cem anos do regime que assumem ,são os primeiros a clamar por hiatos temporais dentro dessa era, nomeadamente não considerando como "verdadeiramente" republicanos os anos de 1926 a 1974 (o Estado Novo não foi república?) e inclusive os anos de 1974 a 201o( diz um líder coimbrão no Diário de Coimbra de 16/01/2010:"Esta República não nos satisfaz. Não estamos a glorificar este concreto regime republicano e com estes políticos".


Dando então de barato que os únicos e verdadeiros anos de regime republicano foram os dezasseis que ocorreram entre 1910 e 1926, não se entende a vontade de comemorar cem quando nessa óptica se estima serem apenas eticamente elegíveis dezasseis. Mistérios insondáveis da dita "etica republicana".


No meio desta azáfama comemorativa que se vai iniciar, safa-se a figura do Dr. Artur Santos Silva que preside á comissão nacional do dito centenário. Um gentleman do Porto a quem Coimbra muito deve , exemplo de empreendedorismo, de comedimnto e educação que espero se não arrependa do "albergue espanhol " para o qual foi convidado a entrar.