terça-feira, maio 24, 2005

Eminescu

Muito apreciei as gentís e elegantes palavras do Mr. Scotch. Lamento, apenas, que se tivesse enganado acerca da localização cronológica do, por mim muito admirado, Mihai Eminescu. Ele nasceu a 15 de janeiro de 1850 em Botosani, e faleceu a 15 de Junho de 1889 em Bucareste (portanto viveu na segunda metade do século XIX). Aconselho-o a ler alguns dos seus poemas. Existe uma óptima tradução para o português, feita pelo saudoso Prof. Victor Buescu que ensinou na Fac. de Letras de Lx. nos anos 40, 50, e 60. Não deverá ser difícil encontrar a obra em algum bom alfarrabista.

Vamos agora à mini-revista da imprensa local, obsecada com os 6.83%:

Na Capital (pg 3) vem o extenso (e carente de substância) artigo do MS, agnóstico, ateu, descolonizador exemplar, que, entre outras monstruosidades "revisionistas" apresenta, "en guise" de justificação dos crimes cometidos contra o Ultramar Português, o facto de que a "... situação, tanto no Continente como nas Colónias, estava imensamente degradada e a única saída possível era negociar a paz com as forças que nos resistiam e queriam a independencia". Admiro a ousadia e o descaramento deste "estadista" que passa, de ânimo leve, por cima de factos indesmentíveis tais como a reluctância dos "coloniais" em serem entregues de qualquer maneira aos marxistas-leninistas que se auto-proclamavam libertadores.... Se o MS prestasse atenção ao que ainda o rodeia, veria que, hoje, em Cabo Verde, por exemplo, existe todo um movimento que pretende aderir à União Europeia como parte integrante de Portugal, por não reconhecer a autoridade do governo do PAICV...

Mais adiante na sua crónica, depois de declarar que se sente honrado por ter pertencido ao que denomina "governos de Abril" (?), o mesmo diz que foram "salvaguardados os interesses legítimos de Portugal" e "estabeleceram-se relações fraternas com os países africanos lusófonos, cujas independências se reconheceram."

Seguem-se mais barbaridades que nem sequer merecem destaque até chegarmos a outra pérola do vetusto político: ele aconselha-nos a reflectir nas responsabilidades dos países desenvolvidos - da Europa e da América - em tempo de globalização neo-liberal (?). Diz ainda que temos de exigir solidariedade e justiça para as populações africanas nossas irmãs...

Qual será o motivo que leva o sr. Mario S. a não mencionar sequer a CORRUPÇÃO doentia dos dirigentes como a causa principal da tragédia africana? Pena êle não se dedicar a uma análise mais profunda desse tema, em vez de se limitar a superficialidades e clichés ultrapassados...

Finaliza o iluminado a referir que o seminário do Porto culminou numa jornada pelo Douro dos embaixadores africanos em Portugal, que constituiu um êxito, devido em grande parte ao trabalho infatigável do vice-presidente da Fundação Portugal Africa... Pergunto: foi o infatigável vice a remar?

Para quê mostrar o Douro aos representantes (e cúmplices) dos cleptocratas que, por sinal, já devem ser proprietários de metade deste país? Êsses já conhecem o Douro melhor do que o MS...

Outra notícia que muito me agradou ler foi a publicada na última página do Jornal de Notícias de hoje e intitulada: Comunista Morre.

Refere que o Ludgero Pinto Basto morreu aos 96 anos segundo anúncio do PCP. Acrescenta que o militante do PCP desde 1934, além de participar na Guerra Civil Española, (ao lado dos republicanos, esclarece o autor da nota...), foi preso pela PIDE e participou até 1974 em todas as movimentações antifascistas... Que raça de ditadura fascista foi essa? Foi preso e mesmo assim participou em todas as movimentações antifascistas? Não posso crer!

Bem, meus meninos, vou trabalhar...

Saudações colonialistas ao Mujimbo (na pátria da Mentirita = Cuba Libre) e augúrios tecnológico-cibernéticos ao Vintage (espero que o seu modem esteja recuperado).

Mais uma vez agradeço ao Scotch as amáveis palavras que me dirigiu.

Até breve,
Cirrus



1 comentário:

Anónimo disse...

Caríssimo Cirrus,
Como vejo que é um apreciador da literatura romena, recomendo-lhe que leia o artigo que o Norman Manea publicou na última edição de O Independente. Como sabe, comemoram-se agora os 400 anos da publicação do D. Quixote, e neste artigo, o autor faz uma muito bem conseguida analogia entre o quixotismo e o comunismo na Europa de Leste.
Aceite um forte abraço
Scotch