segunda-feira, outubro 17, 2005

Buro-cracias

Victoria! Segunda fase de renovação de visto de trabalho de angolanas domésticas:
Registo criminal - já cá cantam os dois - em cerca de 15 minutos! MIRACOLO!!!!!!
Declaração do Seguro Social de que estão inscritas e pagas - Desde a passada 6ª feira que tento conseguir os documentos e sempre levo com os pés... Na sexta, já não davam senhas. No sábado deram senha (nº 226 quando o número chamado era apenas o 35...) mas no meio da contenda anunciaram que, por motivos de informática, não iriam passar declarações para efeitos relacionados com os SEF... Hoje, segunda-feira, fui à sede das SS (não as alemãs do Reich) e disseram que já não tinha direito a senhas, por ter chegado às 12:45. Mandaram-me à Casa do Povo dos Restauradores (perdão, Casa do Citoyen!!!!) onde, por milagre, às 14:04 recebí a senha 532 quando estava o número 58. Fui tomar uma bica e um Pirata, e às 3:30 regressei. Estava no nº 103. Aguentei estoicamente, sentado (ilegítimamente) nas cadeiras da Direcção Geral de Viação e Trânsito, a observar a tortura a que é sujeita a mansa população portuguesa e também a massa dos pobres imigrantes (legais e ilegais). Houve de tudo, até um desmaio no 1º andar, antecedido de forte discussão entre as autoridades e, creio eu, a vítima. A menina do altifalante pediu a comparência de um médico ou enfermeira para o 1º andar. O meu companheiro de cadeiras, êle legítimamente à espera da sua vez na DGVT, disse: matem-se! Eu observava com certa tristeza esse deabafar duro de alguém que, por sinal, teria que esperar muito menos do que eu pelo atendimento burocrático. Depois veio uma velhinha a acompanhar o marido que pedia renovação da carta. Ela queixou-se da espera e, confesso, aproveitei para meter uma certa dose de veneno na nossa conversa. Mostrei-le a minha senha e ela ficou estarrecida. Disse-lhe, além disso, que tratam mal as pessoas que esperam, sem dar indicações correctas do que é necessário para pedir documentos. Daí principiou uma quase revolta entre os "utentes", com todos a comentar: sim, porque isto não se admite! Olhem para elas! Estão alí a conversar e a gente feito parvos à espera!

Bem, passadas 5 (CINCO) horas, chegou a vez do 532!!!! VIVAT, CRESCAT, FLOREAT!!!! Fui atendido por uma burocrata veterana, seguríssima de sí porópria. Pediu os recibos, passaportes, cartões, duvidou de tudo o que eu dizia. Finalmente, vencida pela solidez dos meus argumentos e das minhas provas documentais, rendeu-se e começou a escrever os pedidos de declaração para alimentar o COMPUTADOR. Nesse momento ela diz: Não sai nada!
Ó Patrícia, vê lá se dá no teu. O meu pobre coração teve uma ligeira síncope... Mas a PROVIDENCIA protegeu-me. TENHO AS DUAS DECLARAÇÕES EM MEU PODER!!!!!!

Amanhã segue a épica aventura: Vou registar os contratos de trabalho nos Anjos, no meio dos drogados que pululam ao redor da vetusta e bela Igreja do mesmo nome.

Capítulo II da SAGA BURO-CRÁTICA, amanhã à mesma hora.

A NOI,
CIRRUS

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